Empresas de Gravataí e Taquara buscaram o suporte da universidade da Serra para desenvolver os testes. Licenças foram liberadas pela Fepam em novembro do ano passado e janeiro desse ano
Pioneiro Geral – 14/02/2025 – 20h00min – Tamires Piccoli
Duas novas Licenças de Operação que permitem transformar pneus e polímeros em materiais foram aprovadas pela Fepam recentemente. As operações, inéditas no Rio Grande do Sul, tiveram influência direta do Laboratório de Energia e Bioprocessos (Lebio) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que realizou os estudos e testes que permitiram a liberação das licenças.
O processo começou em 2020, quando a Recicla Mais, empresa de Gravataí especializada em recolher e reutilizar pneus, buscou a UCS para diversificar a atuação. Além de triturar os pneus e enviar para companhias que produzem cimento, a empresava buscava formas de transformar o resíduo sem depender do segmento das cimenteiras.
O estudo desenvolvido pelo Lebio seguiu os mesmos moldes do projeto RS UP, que pretende instalar uma usina para a transformação de resíduo urbano no aterro Rincão das Flores, em Caxias do Sul, em energia e produtos.
— Desenvolvemos um estudo voltado para a indústria focado em transformar os pneus em gás, óleo e char (tipo de carvão), que podem ser usados por outras empresas. O processo é feito pela pirolise, um tratamento térmico de resíduos que conta com a ausência de oxigênio, tornando os produtos mais limpos e eficientes — explica o responsável pelo Lebio, Marcelo Godinho.
Conforme o pesquisador, o óleo gerado pela pirolise dos pneus é muito semelhante com o diesel, podendo ser usado como substituto do combustível. Já o char, pode ser usado na indústria da borracha e de pigmentação. O gás gerado no processo é inflamável e tem poder de combustão tal como o tradicional gás de cozinha, com a diferença de ter menos capacidade calorífera.
Gás produzido a partir de pirsólise de pneus é envasado em pequenos sacos no Lebio da UCS.
Porthus Junior / Agencia RBS
Óleo resultante da transformação de pneus e polímeros pode ser usado como substituto do diesel.
Porthus Junior / Agencia RBS
O char, tipo de carvão, é outra opção de produção resultante da pirólise.
Porthus Junior / Agencia RBS