A técnica de fresagem de pavimentos é um dos serviços mais usuais utilizados nas atividades de manutenção e restauração de pavimentos.
Revista O Empreiteiro - 11 de abril de 2024
Projeto da CCR avalia as vantagens econômicas, ambientais e estruturais da utilização do material fresado, conhecido pela sigla RAP (do inglês reclaimed asphalt pavement), para produção de novo piso em rodovias. De acordo com a empresa, esse material apresenta excelentes características mecânicas, podendo ser reutilizado nas atividades de pavimentação. A técnica de fresagem de pavimentos é um dos serviços mais usuais utilizados nas atividades de manutenção e restauração de pavimentos.
O resíduo gerado dessas atividades é o comumente chamado material fresado, RAP ou simplesmente fresado. Basicamente, ele é constituído por agregados pétreos e ligante asfáltico oxidado. A reciclagem dos pavimentos asfálticos, por meio do reaproveitamento do fresado, vem se incrementando no mundo inteiro e também no Brasil, como uma técnica atrativa para restaurar pavimentos existentes. Atualmente, o fresado é o material mais reciclado do mundo, devido à sua extensa geração pelos órgãos rodoviários.
A popularidade dessa técnica deve-se principalmente ao fato de atender aos objetivos atuais da sociedade em reduzir o consumo de recursos naturais, de energia e a emissão de poluentes ao meio ambiente. Existem várias alternativas para reaproveitar o material fresado, desde a sua aplicação em estradas terciárias, na construção de camadas de bases e sub-bases e em pré-misturados a frio. Uma alternativa atrativa é a produção de novos concretos asfálticos a quente, para sua aplicação em revestimentos asfálticos.
Nesse caso, as porcentagens de fresado reciclado oscilam de 10% a 30%, dependendo do material, da usina disponível e do processo de beneficiamento do RAP. Contudo, no Brasil, existem poucos casos ainda de reciclagem de misturas asfálticas usinadas a quente, devido à falta de exigência por parte dos órgãos governamentais, falta de conscientização dos impactos ambientais causados por obtenção de agregados e ligantes asfálticos novos, além de falta de especificações técnicas adequadas.
O Grupo CCR afirma estar comprometido em reutilizar cada vez mais o material fresado e atingir níveis compatíveis com as exigências da sociedade. Assim, desde sua inauguração, o Centro de Pesquisas Rodoviárias tem investigado as alternativas mais apropriadas para incluir a reutilização do fresado nas atividades de manutenção de pavimentos flexíveis.
Recentemente, os estudos de misturas asfálticas quentes recicladas foram intensificados para destinar o fresado na aplicação mais nobre na estrutura do pavimento. Nesse sentido, o objetivo do estudo da CCR é apresentar os resultados obtidos em laboratório do emprego do RAP em misturas asfálticas usinadas a quente.
Na pesquisa, foi elaborado um programa laboratorial de ensaios para avaliar o comportamento de misturas asfálticas recicladas contendo de 15% e 20% de fresado. Os resultados indicaram comportamento mecânico e desempenho à fadiga e deformação permanente similar ao usualmente obtido em misturas asfálticas sem RAP.
Os resultados obtidos em laboratório motivaram a utilização das misturas asfálticas recicladas em atividades de manutenção de pavimentos flexíveis da Rodovia Raposo Tavares durante seis meses.
A produção das misturas asfálticas foi realizada em uma usina volumétrica de tambor duplo, especialmente adequada para secagem e aquecimento do RAP.
Os resultados da aplicação das misturas asfálticas recicladas com 15% e 20% de RAP mostraram que é possível atingir níveis de qualidade e desempenho similares aos usualmente obtidos em misturas asfálticas convencionais. Conclui-se que a técnica é viável economicamente e possibilita o emprego do material fresado de maneira correta, reduzindo riscos ambientais e diminuindo a demanda de extração de insumos novos da natureza.
Segundo o estudo da CCR, são diversos os benefícios que podem ser obtidos da reutilização do material fresado em misturas asfálticas. Entre eles, estão a redução de emissões de gases de efeito estufa e do consumo de combustível; uso de novos materiais não renováveis, como agregados e o material mais caro na pavimentação, o ligante asfáltico ou cimento asfáltico de petróleo (CAP); e diminuição do descarte do RAP em aterros.
AUTORES
Luis Miguel Gutiérrez Klinsky
Gerente de Pavimentos
Marcos Bottene Cunha
Gerente de Pavimentos
Nelson Soares Neto
Gerente de Pavimentos
Edmilson Gouveia Nunes
Coordenador de Qualidade
Tags: Reciclagem