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Reciclagem de baterias reduz impacto ambiental e pode garantir suprimento global de metais críticos

Reciclagem de baterias reduz impacto ambiental e pode garantir suprimento global de metais críticos

Estudo da Universidade de Stanford revela que reciclar o item emite menos da metade dos gases de efeito estufa da mineração convencional e consome apenas um quarto da água e da energia necessárias para esses processos

Globo.com - Por Renata Turbiani, para o Um Só Planeta - 04/02/2025 06h01  Atualizado há um dia  — Foto: Getty Images
 
Funcionários reciclam baterias de veículos elétricos em uma fábrica em Weinan, na China
 
A reciclagem de baterias de íons de lítio para recuperar seus metais críticos tem impactos ambientais significativamente menores do que a mineração de metais virgens. De acordo com uma análise publicada na revista Nature Communications por pesquisadores da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, o reaproveitamento de lítio, níquel, cobalto, cobre, manganês e alumínio reduz drasticamente a pegada de carbono da indústria e minimiza a dependência de cadeias de suprimento globais vulneráveis.


O estudo, cuja maioria dos dados veio da Redwood Materials, em Nevada – a maior instalação de reciclagem de baterias de íons de lítio em escala industrial da América do Norte –, aponta que a reciclagem das baterias emite menos da metade dos gases de efeito estufa gerados na extração e refino de novos metais e consome apenas um quarto da água e da energia necessárias para esses processos.

Os benefícios são ainda mais expressivos no caso da reciclagem de sucata industrial, que representou cerca de 90% da matéria-prima analisada pelos cientistas. Nessa modalidade, as emissões de carbono caíram para 19% do total gerado pela mineração e processamento, enquanto o consumo de água e energia foi reduzido a 12% e 11%, respectivamente.

Mas os impactos ambientais da reciclagem de baterias podem variar significativamente dependendo da fonte de eletricidade utilizada no processo. “Uma usina de reciclagem de baterias em regiões que dependem fortemente de eletricidade gerada pela queima de carvão teria uma vantagem climática reduzida”, disse a pesquisadora Samantha Bunke, estudante de doutorado em Stanford, em comunicado. “Por outro lado, a escassez de água doce em regiões com eletricidade mais limpa é uma grande preocupação.”


Quando se compara as vantagens de reciclar no lugar de extrair e refinar minérios, o transporte é um fator crucial. Na mineração e processamento de cobalto, por exemplo, 80% do suprimento global é extraído na República Democrática do Congo, o que significa que precisa viajar por estrada, ferrovia e mar até chegar a China para refino. No caso do lítio, a maior parte do suprimento global é extraído na Austrália e no Chile, e grande parte também vai para a China.
 
“Determinamos que a distância total de transporte para mineração convencional e refino apenas dos metais ativos em uma bateria é em média de cerca de 57.000 quilômetros. Isso é como dar uma volta ao mundo uma vez e meia”, apontou o pesquisador Michael Machala.

O processo equivalente para reciclagem de baterias é coletar baterias usadas e sucata, que devem então ser transportadas para o reciclador. “Nossa estimativa total de transporte de baterias usadas do seu celular ou EV para uma instalação hipotética de refino na Califórnia foi de cerca de 225 quilômetros”, ele acrescentou. Essa distância foi baseada em bons locais presumidos para futuras instalações de refino.

Transição energética
 
A transição energética profunda pela qual o planeta precisa passar para evitar as consequencias mais graves das mudanças climáticas depende, em grande parte, da instalação de usinas solares e eólicas e da eletrificação dos veículos, tecnologias que dependem de baterias compostas por minérios essenciais.

A Agência Internacional de Energia considera críticos para o planeta parar de emitir gases de efeito estufa para produzir energia 12 minérios, e pelo menos mais 4 são listados também pelo Serviço Geológico dos EUA e outras autoridades. Os materiais cruciais na transição são o lítio, o cobalto, o cobre, o molibdênio, a prata, o cromo, o urânio, o níquel, o manganês, o grafite, o alumínio e as terras raras. Para os cinco últimos deles, o Brasil possui reservas em quantidade razoável, e deve sofrer pressão para ajudar a atender a demanda global, conforme reportagem recente sobre o tema produzida pelo jornal O Globo.
  

Olhando para o futuro
 
O autor sênior da pesquisa William Tarpeh observou que a reciclagem de baterias em escala industrial está crescendo, mas não rápido o suficiente. “Estamos previstos para ficar sem novos cobalto, níquel e lítio na próxima década. Provavelmente, só mineraremos minerais de menor qualidade por um tempo, mas 2050 e as metas que temos para esse ano não estão muito distantes.”

Enquanto os EUA agora reciclam cerca de 50% das baterias de íons de lítio disponíveis, reciclaram com sucesso 99% das baterias de chumbo-ácido por décadas. “Para um futuro com um suprimento muito maior de baterias usadas, precisamos projetar e preparar um sistema de reciclagem hoje, da coleta ao processamento de volta em novas baterias com impacto ambiental mínimo”, acrescentou o pesquisador. “Espero que os fabricantes de baterias também considerem mais a reciclabilidade em seus projetos futuros”, completou.

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