Empresa que extrai óleo de petróleo da queima de pneus funciona próximo da fronteira com o Paraguai, onde muitos brasileiros trocam os pneus de seus carros
Correio do Estado - NERI KASPARY - 07/05/2025 - 17h14
Dedicada à reciclagem de pneus, o que em tese é uma importante iniciativa em favor do meio ambiente, a empresa 7K-Pirólise, instalada em Sete Quedas, próximo da fronteira com o Paraguai, corre o risco de ser desativada justamente por desrespeitar uma série normas ambientais.
Recomendação publicada nesta terça-feira (7) pelo Ministério Público Estado quer que o Imasul, órgão estadual que concedeu a licença para que a empresa funcione, cancele a autorização até que todas as supostas irregularidades seja sanadas.
De acordo com o MPE, as irregularidades começaram antes mesmo do início das atividades. “O maquinário utilizado pela empresa 7K-Pirólise Ltda. — mais especificamente o reator pirolítico e seus periféricos — foi adquirido usado, de origem chinesa, e apresentava deficiência no sistema de queima do óleo e do gás (combustível), oferecendo riscos ao meio ambiente e à população residente nas proximidades do empreendimento”, pontua o relatório da promotoria.
E, depois de comprar equipamentos usados e já com defeitos, a empresa começou a instalação antes de fazer estudos de impacto ambiental e antes de receber a licença de instalação, conforme rconheceram os próprios técnicos do Imasul.
Mas, em vez interromper a instalação, os fiscais do Imasul fizeram uma série de exigências para que a empresa de queima de pneus se adequasse às normas ambientais. Estas exigências, contudo, jamais foram atendidas.
Imagens feitas em março deste ano por integrantes do MPE comprovando irregularidades
Nem mesmo os galpões para armazenar os pneus ou os derivados foram construídos. A previsão era que a empresa tivesse área coberta de 1,5 mil metros quadrados para armazenar todos os materiais. Laudo dos bombeiros, porém, constatou que as adificações somavam apenas 658 metros quadrados.
E, da queima dos pneus para a extração do óleo derivado de petróleo, que é o foco principal da empresa, resta uma espécie de pó que o MPE chama de carbono negro. Este sub-produto, segundo a promotoria, é tóxico e deveria ser armazenado em bags fechadas, em local coberto e impermeabilizado.
Em vez disso, porém, frações deste material foram encontradas a céu aberto e em contato direto com o solo, podendo contaminar mananciais de água da região, se acordo com o MPE.
Os milhares de pneus, a maior parte procedente de empresas paraguaias que vendem pneus mais baratos para os brasileiros que cruzam a fronteira, também estavam armazenados a céu aberto, facilitando a proliferação de mosquitos que transmitem doenças, entende o MPE.
Outra reclamação é a respeito da constante fuligem decorrente da queima dos pneus. Conforme o projeto original, esta fuligem não ultrapassaria a área da empresa. Na prática, porém, ela se espalha por quilômetros no entorno e é motivo de isatisfação inclusive de moradores da área urbana de Sete quedas, que fica a 1,5 metros da 7K-Pirólise.
No local também não existe nenhuma curtina arbórea que poderia barrar ao ventos que espalham a fuligem e os odores da recicladora. A exigência até chegou a ser feita pelo Imasul, mas de epenas uma fileira de árvores. Mas nem esta foi providenciada. O MPE entende que devem ser plantadas pelo menos duas ou três fileiras para que esta proteção surta efeito.
Se o Imasul não acatar a recomendação de interditar a recicladora ou a K7 não interromper as atividades por conta própria, o MPE promete ajuizar ação judicial para que a Justiça feche temporariamente as atividades.
Materiais que deveriam ser armazenadas em local fechado foram encontrados a céu aberto.