Apesar de contar com uma legislação que obriga a prática do descarte consciente dos pneus, falta maior envolvimento de fabricantes, reformadores e consumidores
Frota e Cia - Destaque do dia - Por Gustavo Queiroz - abril 21, 2025
Graças a um modelo regulamentado e financiado pelos próprios fabricantes, a logística reversa de pneus no Brasil é uma das mais avançadas, quando comparada a outros resíduos sólidos. No entanto, ainda enfrenta alguns problemas na operação e continuidade dessa cadeia produtiva.
É um processo custoso e sem a fiscalização adequada, o que abre espaço para alguns operadores atuarem de forma diferente como pede a lei. O presidente da Abrerpi (Associação Brasileira das Empresas de Reciclagem de Pneus Inservíveis) Joel Custódio, afirma que também é necessário despertar a responsabilidade ambiental em todos os envolvidos no ciclo de utilização do pneu, viabilizando mais o negócio.
“Grande parte da produção das recicladoras ainda é absorvida pela indústria de cimento ou utilizada na produção de asfalto-borracha. Nos estados do Brasil em que não existe uma cimenteira, ou lei que estimule a utilização do farelo do pneu no asfalto, a atividade recicladora não se viabiliza”.
Base legal
O executivo lembra que, desde 1999, a Resolução CONAMA nº 258 obriga fabricantes e importadores a darem destino adequado aos pneus inservíveis. A norma legal ganhou um complemento na forma Resolução CONAMA nº 416/2009, que estabeleceu a destinação ambientalmente adequada de pneus inservíveis. Ela também busca prevenir a degradação ambiental causada por esses pneus.
“A responsabilidade deve ser compartilhada entre todos os participantes. Mas, infelizmente, falta fiscalização, o que prejudica tudo”, comenta Amanda Betti Formigon, executiva administrativa e fiscal da Reversa Pneus.
A Reciclanip, que representa os fabricantes do produto e atua realizando a logística reversa, é responsável pelo maior volume de coleta destes pneus. Só em 2020 foram quase 400 mil toneladas. A empresa, entretanto, só recolhe aqueles que foram descartados corretamente nos pontos de coleta estabelecidos pelas prefeituras. Ou seja, precisa que o operador leve o produto até o local.
Os reformadores independentes, por sua vez, estão agregados em torno da Abrerpi, que soma 16 recicladoras espalhadas em 22 estados do Brasil e, juntas reciclam 115 mil toneladas de pneus inservíveis por ano.
“Hoje em dia as empresas acabam pagando para empresas de logística reversa por ser mais prático e funcional”, afirma Amanda, que não esquece de alertar para a necessidade das transportadoras terem um plano de reciclagem para resíduos sólidos. “Nós prestamos o serviço, mas é preciso ter essa preparação por parte deles”.