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Sem comprador, plástico pode ir parar no aterro

Sem comprador, plástico pode ir parar no aterro

PET colorida também está sem comprador 

IDEIAS SUSTENTÁVEIS - Publicada em 22 de Setembro de 2022 às 22:17


Bruna Suptitz

A maioria das pessoas não sabe, mas um tipo de embalagem muito comum dificilmente é reciclado. Conhecido como BOPP, sigla em inglês para polipropileno biorientado, trata-se de um plástico usado para embalar de alimentos a produtos de limpeza. Por ser ao mesmo tempo resistente e maleável, atrai tanto empresas quanto consumidores. Mas, uma vez descartado como "lixo", não há garantia que o destino será a reciclagem.
Dos 25 anos em que trabalha com a separação de resíduos, somente no último ano Paula Medeiros, presidenta do Centro de Triagem da Vila Pinto, conseguiu encaminhar o BOPP para a indústria de faz a transformação. Por isso, não se surpreende com a dificuldade de vender este material que está sendo enfrentada hoje por algumas cooperativas de Porto Alegre. Sem saída, o destino do plástico é o aterro sanitário.
"O nosso índice de rejeito vai aumentar", explica a Núbia Vargas, presidenta da Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiaraju. Rejeito é tudo aquilo que não pode ser reciclado - o exemplo mais comum é do lixo de banheiro. Mas também vai parar no aterro tudo aquilo que não se consegue reciclar por outros motivos, como a falta de tecnologia, ou, em casos como o enfrentado pela cooperativa da Núbia, a falta de venda.

"As cooperativas ficam à mercê, sem a possibilidade de comercializar esse material, o que tem impacto direto na geração de renda", comenta Joice Maciel, gestora ambiental e sócia fundadora da Apoena Socioambiental, que acompanha o trabalho de licenciamento de galpões de reciclagem na Capital.

Mesmo sendo considerado um material de qualidade inferior a outros plásticos, o que faz com que o preço pago também seja baixo, Joice lembra que é importante para o caixa das cooperativas. Isso porque, do modo como está estruturada a gestão dos resíduos em Porto Alegre, a renda dos trabalhadores que fazem a triagem, mesmo das unidades contratadas pela prefeitura, vem somente da venda do material.

Proprietário da Sucatas Lemes, Leandro Britto é quem compra o BOPP da maioria das cooperativas de Porto Alegre e revende para uma indústria de outro Estado, que usa este tipo de plástico como um dos insumos para a produção de telhas ecológicas. No entanto, alega que não consegue repassar o material quando os fardos chegam a ele com plásticos de diferentes classificações misturados. "A dificuldade maior está na separação, identificar o que é BOPP e o que não é", justifica.

Para quem é leigo no assunto, um jeito de identificar este tipo de plástico é pelo barulho ao manusear, o que rendeu a ele o apelido de "estraloso". É o material de pacotes de bolacha recheada, salgadinho, massa, chocolate, e tantos outros. Outra característica comum é uma fina camada de plástico laminado, o que torna fácil de confundir com pacotes como os de café, erva ou extrato de tomate - que são mesmo parecidos, mas não entram na mesma categoria.

Enquanto busca outro comprador, Britto pediu para as cooperativas guardarem o material - o que é difícil para muitas, pois depende de espaço adequado, nem sempre disponível, além de demandar mão de obra que não se sabe se será remunerada. Como exemplo, Núbia conta que há dois meses está estocando pet colorida (garrafas pet que não são transparentes), sem garantia de venda, e tem receio que o mesmo aconteça com o BOPP.

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